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Sistemas próprios- Um guia para entusiastas

Foto do escritor: Tiago AlvesTiago Alves
Materia da edição de Dezembro de 2024 que achei pertinente compartilhar no site tembém. Aqui você tem dicas iniciais para quem quer se aventurar na "Quest" de criar um sistema de rpg próprio.

Sistemas deRPGs, existem muitos, espalhados na vasta imensidão que é a

internet.

Nesta matéria, quero compartilhar um pouco da minha opinião sobre os sistemas próprios de RPG — "o que são, onde vivem, o que comem... sexta, no Globo Repórter”.


Agora mesmo, pode haver um criativo jogador deRPG criando o seu sistema prórpio!

E o que eu acho disso?

Bom... “puxa a cadeira e senta chão.”


Se você é iniciante nesse tal “RPG”, quero logo dizer que você vai topar com muitos jogadores entusiastas que têm a ideia de se tornar criadores de sistemas novos ou popularmente “sistema próprio”. E se tudo correr bem, quem sabe até você seja o intrépido jogador que vai querer criar o seu próprio sistema.


E isso é um processo que inclui desde a criação de novos conjuntos de regras até a concepção de novos mundos e histórias que vamos explorar.

Para mim a criação de um sistema de RPG é tanto uma arte quanto uma ciência, combinando criatividade com lógica e, de preferência, coesão.


Mas o que nos leva a criar um sistema próprio?

A motivação pode variar, mas se formos classificar todos em categorias, eu tentarei resumir em:

  • Personalização: Queremos um jogo que reflita melhor nossos gostos e preferências.

  • Inovação: Buscamos inovar com novas mecânicas ou conceitos que não encontramos em sistemas existentes.

  • Flexibilidade: Desejamos um sistema mais adaptável às necessidades específicas de nossas campanhas e jogadores.

  • Preguiça: Apesar de ser uma razão pejorativa, ela existe. Afinal, por que ler um ou mais livros/PDFs de mais de 400 páginas quando podemos inventar um mundo, criar 3 ou 4 regras rolando dados e chamar de "minimalista"? Esta categoria é uma faca de dois gumes.

Sim, sistemas novos são bem-vindos e quanto mais simples, melhor. Mas há muito mais a se considerar. Uma motivação preguiçosa não iria conseguir criar um sistema muito eficiente e quase nunca testado o número de vezes necessários para identificar erros e melhoras. Mas iremos falar disso mais a frente.

Independente da categoria que você possa se encaixar, criar um sistema próprio pode trazer muitos benefícios, como estimular a criatividade e oferecer inúmeras maneiras de expressão. Imagine quantos mundos podem surgir, quantos reinos e mecânicas podem ser gerados com um bom trabalho.

Isso pode atrair uma comunidade além do seu grupo, composta por pessoas que compartilham interesses semelhantes e que podem trazer feedback, dicas e até mesmo participar ativamente na criação.

Além disso, criar sistemas próprios ajuda a compreender melhor a estrutura dos jogos de RPG e suas mecânicas. Sem falar na variedade no cenário de RPGs que podem surgir.

Mas, como costumo dizer: "Nem tudo são flores..

Ao se aventurar na "quest" de criar seu jogo, sistema próprio ou cenário, fique aberto e atento às críticas!

O desempenho do seu jogo dependerá muito de como você tem maturidade para lidar com críticas.

Como sou um cara "muito gente boa", vou separar alguns tópicos que podem ajudar a se livrar de enrascadas:


1. Equilíbrio e diversão: Manter o jogo equilibrado e divertido pode ser complicado. Certifique-se de que as ideias, monstros e desafios estejam no nível adequado para os jogadores. Isso só funciona testando, testando e testando.

2. Direitos autorais: É importante garantir que seu sistema não infrinja direitos autorais de outros criadores. Se for algo do zero, certifique-se de que você não tenha acidentalmente "reinventado a roda". Muitas vezes, uma mecânica que construímos pode coincidentemente já existir em outro sistema oficial. E se você quer tornar seu jogo/sistema monetizado, certifique-se de que tudo esteja nos conformes. É raro, mas coincidências assim acontecem.

3. Conteúdo ofensivo: Evite incluir qualquer material que possa ser considerado ofensivo ou insensível. O que é aceitável para você pode não ser para outras pessoas.

Caso esteja criando algo violento, extremista ou ideológico, atente-se a usar de forma crítica, não imposta.

No quesito violência, entenda até onde vai o limite. Este é um tema muito delicado, pois o ofensivo para uns pode ser extremamente ofensivo para outros.

A dica é: fique longe de temas que gerem dúvidas sobre se vão ofender ou não outras pessoas.

4. Mecânicas "quebradas": Um dos principais fatores a se considerar. Mecânicas mal projetadas podem desequilibrar o jogo ou torná-lo frustrante para os jogadores. Assim como o primeiro tópico, isso pode ser remediado com muito, muito playtest. Conheça bem o seu jogo, de forma que você saiba todas as

respostas quando algum jogador leigo lhe perguntar.

Agora que estamos atentos às armadilhas que podem custar pontos valiosos de "vida útil" do seu sistema próprio, vou listar o que acredito que pode torná-lo ainda melhor:

1. Originalidade: Sempre busque trazer algo novo, mas respeite a inspiração dos sistemas existentes. Uma coisa que faço é me inspirar em algo existente e criar algo oposto. Por exemplo, a concepção de Gélidus surgiu do cenário Dark Sun de Dungeons and Dragons, um mundo desértico e sem magia, que me inspirou a criar um vasto mundo gélido... sem magia.


2. Feedback: A humildade para ouvir críticas construtivas é essencial para melhorar seu sistema. Você pode se surpreender, mas: "o seu sistema não é o melhor nem o mais perfeito do mundo". Aceite e respeite até mesmo seus próprios limites. Quanto mais cedo você perceber isso, melhor será sua aceitação às críticas. Falo de “críticas reais”, não de pessoas que estão apenas falando mal. Críticas, sempre teremos aos montes, mas saiba filtrar as críticas de quem realmente tem algo a acrescentar.


3. Testes:Já mencionei isso antes? Teste, teste, teste. Só assim o jogo sairá da melhor forma possível. O 3 Dados no Caminho começou com uma ideia que na minha mente era a melhor do mundo, mas... ao playtestar, percebi o quão quebrado estava e ele, ironicamente, foi refeito três vezes antes de chegar até onde conhecemos hoje.


4. Compartilhamento: Compartilhe sua criação em redes sociais e fóruns de RPG para obter feedback e atrair uma comunidade. Felizmente, hoje em dia, com as redes sociais, ficou muito fácil divulgar nossa arte sem complicação e, melhor ainda, de graça! Seja você o principal promotor da sua obra.


5. Diversão: Acima de tudo, divirta-se. Acredite ou não, até mesmo o processo de criação de um sistema próprio ou cenário é uma partida de RPG, onde você é o principal criador e o céu é o limite. Esse processo precisa ser divertido. Se estão lhe cobrando ou, pior, você mesmo está se cobrando, algo está errado! Por isso, dê prioridade à sua diversão.


6. Dê um tempo: Não é necessário criar tudo de uma vez! Grandes jogos não foram criados da noite para o dia. Mesmo o 3D&T, que o próprio criador disse ter criado em uma noite, precisou de muitos playtests até chegar à fase “victory” que conhecemos hoje. Se as ideias não estão fluindo, considere parar um pouco.

Muitas vezes, engavetar um projeto pode levar a uma grande evolução, e quem sabe no futuro você consiga criar algo ainda melhor.


O RPG é isso!

Muito além de contar histórias, é criar histórias, suas histórias.

O cenário do RPG precisa, e muito, de jogos novos, pessoas criativas que vão manter o hobby vivo. Seu jogo não precisa ser melhor que Dungeons and Dragons, Storyteller ou 3D&T; ele precisa ser, na verdade, melhor para você, seu grupo e talvez, só isso baste.


Espero que eu tenha conseguido reunir o máximo de informações e dicas para você criar e jogar muito RPG.

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Jogador Solo - Por Tiago Alves de Morais -  Jul 2019

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